Um perfeito cavalheiro - Estudo da obra

fevereiro 16, 2021

Olá meus queridos leitores! Como anda a vida?  A série Os Bridgertons da Netflix foi bastante aclamada pelo público e já ganhou a segunda temporada que contará a busca por uma esposa pelo primogênito Bridgerton, o Anthony.

 Você pode conferir o estudo da obra do segundo livro O visconde que me amava.

Entretanto, hoje nós trazemos uma análise de interesses e costumes da época e que foram citados em Um perfeito cavalheiro, livro que revela a história e personalidade de Benedict Bridgerton, o segundo filho dessa tão querida família.

Fique atento, caro leitor! Pelo objetivo da postagem ser trazer curiosidades do pano de fundo da história que ocorre no livro, ela está repleta de spoilers. Sendo assim, é recomendado que caso você não tenha realizado a leitura de Um perfeito cavalheiro você não dê continuidade ao post.

Além disso, nesse post não constará a moda da época, uma vez que os 3 primeiros livros da série se passam na mesma década e, portanto, não houve mudanças significativas nas peças de roupas, tanto masculinas quanto femininas. Dessa forma, caso você tenha perdido e queira saber um pouco de como os personagens se vestiam basta clicar aqui e você será direcionado ao estudo da obra do primeiro livro: O duque e eu. 


"Sophie sempre quis ir a um evento da sociedade londrina. Mas esse parece um sonho impossível. Apesar de ser filha de um conde, ela é fruto de uma relação ilegítima e foi relegada ao papel de criada pela madrasta assim que o pai morreu. Uma noite, porém, ela consegue entrar às escondidas no aguardado baile de máscaras de Lady Bridgerton. Lá, conhece o charmoso Benedict, filho da anfitriã, e se sente parte da realeza. No mesmo instante, uma faísca se acende entre eles. Infelizmente, o encantamento tem hora para acabar. À meia-noite, Sophie tem que sair correndo da festa e não revela sua identidade a Benedict. O destino faz com que os dois só se reencontrem três anos depois. Benedict a salva das garras de um bêbado violento, mas, para decepção de Sophie, não a reconhece nos trajes de criada. No entanto, logo se apaixona por ela de novo.  Agora os dois precisarão lutar contra o que sentem um pelo outro ou reconsiderar as próprias crenças para terem a chance de viver um amor de conto de fadas. Nesta deliciosa releitura de Cinderela, Julia Quinn comprova mais uma vez seu talento como escritora romântica."


  • A tradição do chá
À medida que Sophie se insere mais na realidade dos Bridgertons, ela é convidada a tomar chá com a família e até cita que Violet (a matriarca) tinha o costume de tomar chá às 17 horas.

Mas...como surgiu essa paixão dos ingleses por chá?
Bem, por muitos anos o chá foi consumido na Inglaterra apenas como uma forma de remédio, mas isso mudou após o casamento do rei Charles II com Catarina de Bragança, em 1662. Assim, a rainha levou consigo para a Inglaterra o chá, que já fazia parte de sua rotina. Por consequência, outros membros da aristocracia adquiriram o hábito como forma de entrar no círculo social da rainha. Contudo, embora o chá seja conhecido, atualmente, como a principal bebida do país, por muito tempo esse produto ficou restrito aos nobres, pois a mercadoria possuía um custo muito alto.

Agora, após falar sobre o produto chá, vamos de uma curiosidade sobre o costume do chá da tarde!
Embora Violet tivesse o costume de tomar chá com amigos ou família às cinco da tarde, isso não era comum em toda a sociedade inglesa. 
Apenas em 1840 a sétima duquesa de Bedford, Anna, foi a pioneira nessa tradição. Na época, o jantar era servido apenas às oito da noite, o que tornava o tempo entre almoço e janta muito grande, motivando a duquesa a estabelecer um horário para saciar sua fome e encontrar amigas. Assim, Anna foi responsável por difundir na aristocracia o ritual do chá das 5.
Para o chá da tarde era necessário: 1 bule de folhas, 1 bule de água quente, leite, açúcar, salgados, doces, talheres e guardanapo. Esse, inclusive, era considerado um ótimo momento para exibir as louças mais caras.
Vale ressaltar que os saquinhos de chá surgiram no início do século XX nos Estados Unidos, mas os ingleses ainda demoraram bastante tempo para aceitar a praticidade deles e deixar de lado o preparo com folhas.

  • Esgrima
No livro, Benedict e Colin praticam esgrima em uma cena repleta de raiva e humor. Essa parte, inclusive, é maravilhosa e Colin, como sempre, servindo de cupido.

O que é a esgrima?
"A esgrima é caracterizada pela arte de manusear armas brancas para atacar, defender e contra-atacar. Também é o único esporte de combate em que não é permitido o contato corporal."

OBS.: Como a esgrima só passou a ser considerada esporte de competição em 1874 (e a história se passa entre 1815 e 1817) não entrarei em detalhes sobre a esgrima enquanto modalidade esportiva, mas apenas como habilidade a ser dominada pelos membros masculinos da nobreza.

A história da esgrima:

Documentos egípcios apresentam os primeiros registros da esgrima.

Na Idade Média a sociedade era dividida em três estamentos, de acordo com as seguintes características:

Oratores: conhecidos como aqueles que oram, eram o clero.
Bellatores: a nobreza da época, caracterizada por ser guerreira.
Laboratores: os trabalhadores, eram camponeses e comerciantes.

Mas por que citar isso, você deve estar se perguntando, caro leitor. Acontece que desde dessa época era exigido que os nobres tivessem uma boa prática de esgrima e equitação, pois eles eram os responsáveis pela proteção dos feudos. Então, séculos depois, quando se instaurou a Idade Moderna, a nobreza deixou de ser guerreira, mas manteve hábitos que a tornavam uma classe exclusiva.

Nicolas Texier de La Bossière


No século XVIII, para prevenir ferimentos durante os treinos, surgiram as convenções de esgrima, que foram responsáveis por estabelecer regras para combate nos treinos.
Ainda no século XVIII, o mestre de armas La Boissère criou a máscara que, por sua vez, originou a frase d'armas que constitui em uma sequência de ações e golpes, com uma grande velocidade e que não há perigo de ferir os olhos.
Já no século XIX, a esgrima perde o seu caráter bélico.



          Na esgrima, podem ser usadas 3 armas:

-Espada: A espada é uma arma um pouco mais pesada e mais dura do que as demais e seu jogo, o mais lento. Qualquer parte do corpo pode ser tocada.

-Florete:Mais indicado para os iniciantes. A arma do florete é mais leve e a superfície de contato para se conseguir um ponto, maior - a parte da frente e das costas do tronco e a região ventral.

-Sabre: O sabre é uma arma mais flexível, o que torna o jogo muito mais rápido e movimentado. O contato válido é da cintura para cima - incluindo os braços - e golpes não só com a ponta, mas também com o lado da lamina, são válidos.

  • Quem governava na época?
Cabe citar, caro leitor, que nos anos em que se passa Um perfeito cavelheiro, bem como nos livros anteriores (O duque e eu e O visconde que me amava) são conhecidos como Era Regencial. Mas o que isso quer dizer?

Bem, basicamente o rei oficial da Inglaterra era o George III (1760-1820) que a partir de 1811 foi afastado devido a pioras no seu estado de saúde (ele sofria de uma doença mental). Com isso, seu filho, George IV assumiu o trono como regente, posição que ficou desde 1811 até 1820 devido à morte de George III (imagem ao lado). Depois do falecimento de seu pai, George IV governou até 1830.
Mas afinal, quem foi George III? Então caro leitor, vossa majestade ficou conhecida, principalmente por perder América. Afinal, a Revolução das Treze Colônias aconteceu durante o período em que governava.
Entretanto, George III não chama atenção apenas pela sua doença mental ou por perder colônias importantes, seu casamento também é relevante em sua história. O popular e aclamado rei acabou se casando com Sophia Charlotte of Mecklenburg-Strelitz, a qual vocês devem conhecer da série Bridgerton da Netflix. 
Ao contrário de muitos casamentos entre membros da aristocracia, o casal teve um casamento feliz e George nunca teve amantes (o que atualmente a gente sabe que ele não fez mais que a obrigação, mas para a época é um feito e tanto!). Além disso, a própria linhagem da rainha é interessante, pois historiadores argumentam que ela descende de um ramo negro da família real portuguesa! Isso se torna ainda mais interessante quando paramos para pensar que em uma sociedade tão racista quanto a Inglaterra do século XIX uma rainha com traços e sangue negros governou e gerou descendentes em meio à corte.

George III, Rainha Charlotte e as crianças


  • O que estava acontecendo no mundo entre 1815 e 1817?
Durante minhas pesquisas descobri alguns fatos interessantes que aconteceram no mundo durante esses anos. Então vamos lá!

1815:
A restauração do absolutismo na Europa ainda era discutido no Congresso de Viena.
Nesse ano, no Rio de Janeiro, o Brasil é elevado à condição de Reino Unido a Portugal e Algarves para que Portugal pudesse ser representada no Congresso, já que era exigido que os monarcas estivessem em seus países e a coroa portuguesa estava bem instalada no Brasil. Assim, em 1815, nosso país deixa de ser colônia.
Além disso, Napoleão consegue fugir da ilha de Elba (onde estava exilado)  e consegue reunir pessoas para retomar a França. Entretanto, alguns meses depois ele é derrotado na Batalha de Waterloo e mandado em exílio para outra ilha.
Ainda sobre o Congresso de Viena, as grandes potências da época se reuniram para assinar o Pacto da Santa Aliança, que tinha como objetivo reprimir e evitar movimentos liberais e revolucionários na Europa, garantindo assim a continuidade do regime absolutista.
Ademais, nesse mesmo ano houve a erupção do Monte Tambora, localizado na Indonésia. O vulcão passou 4 meses em atividade e provocou a morte (direta ou indireta) de mais de 60 mil pessoas.

1816:
Nesse ano o mundo sofreu com as consequências da erupção do Monte Tambora, sendo 1816 conhecido como o ano sem verão. Vale citar que a Europa passou meses parcial ou completamente encoberta por cinzas.  Assim, para saber mais sobre as consequências da erupção clique aqui.
Além disso, aqui no Brasil, ocorre a morte Dona Maria I e a coroação de Dom João VI.

1817:
No ano em que a maior parte da história do livro acontece, houve, no Brasil, a Revolução Pernambucana. Além disso, foi o ano em que Pedro de Alcântara (mais tarde Dom Pedro) se casou com a arquiduquesa da Áustria, Maria Leopoldina.

E aqui acabamos por hoje, obrigada por ter ficado até aqui. Até uma próxima!

Este foi mais um post do projeto Desvendando Os Bridgertons.


Outros posts do projeto:

Os Bridgertons - personagens

O Duque e eu - Estudo da Obra

O Visconde que me amava - Estudo da Obra








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